sábado, 20 de junho de 2009

sobre a propaganda e a estética na política...

Facilmente se percebe que os processos governamentais, as causas de um Estado ou a sua ideologia são incessantemente veiculados através do espectáculo e da arte. A esta forma de comunicação que tenta provocar uma resposta de acordo com a intenção do seu autor chama-se propaganda. Trata-se da busca, por exemplo, de um estatuto social, uma certa autoridade ou influência política.

A expressão de questões políticas em termos estéticos pode ser uma forma particularmente virulenta de falsa consciência. Ela pode desbravar o caminho para a subordinação da autonomia do indivíduo aos interesses de uma elite.
De facto, reagimos a imagens e estereótipos porque não é simplesmente possível saber muito sobre questões complexas e controversas de cariz público de forma a serem empiricamente e logicamente verificáveis. Existem variados problemas que não se podem compreender objectivamente.

Exponho a proposta de Jowett e O'Donnell com os passos a seguir para analisar propaganda de modo eficaz:
1. A ideologia e propósito da campanha propagandística
2. O contexto em que a propaganda ocorre
3. Identificação do propagandista
4. A estrutura e organização da propaganda
5. O público-alvo
6. Técnicas dos media utilizadas
7. Técnicas especiais para maximização do efeito
8. Reacção do público às várias técnicas
9. Contra-propaganda, se existente
10. Efeitos e avaliação

Falar de propaganda é lidar com a esfera emotiva e com os valores fundamentais de uma sociedade. Debruçando-me mais sobre os filmes, Walter Benjamin explica que, como forma de expressão artística, estes enriqueceram o nosso campo de percepção com métodos que podem ser ilustrados por aqueles da teoria Freudiana. A câmera introduz-nos uma óptica inconsciente assim como faz a psicanálise com os nossos impulsos inconscientes. Afirma ainda que o tratamento estético da política é um passo em frente para o fascismo. Este tenta organizar as massas sem lhes retirar direitos (sem modificar a estrutura da propriedade), concedendo-lhes uma oportunidade para se exprimirem.
Neste caso, a propaganda de filmes incentiva à produção de valores rituais de uma forma peculiar. Isto porque não existe a circunstância, como existe no teatro, da observância do palco, de acessórios como câmeras, luzes, assistentes, etc, o que permite à audiência maior envolvimento na "realidade" apresentada através de ajustamentos da câmera ou a montagem de vários planos similares. A tecnologia envolve-se também na "realidade", e esta evolução apresenta, de um modo geral, o alcance deste artefacto propagandístico.
É claro, importante é também referir a influência dos ideais da Escola de Frankfurt neste pensamento de Walter Benjamin. Para quem quiser ler o seu artigo "The Work of Art in the Age of Mechanical Reproduction" aqui está o link

Dando continuidade aos filmes de propaganda, apresento esta produção de Walt Disney para incentivar os cidadãos americanos a pagarem os seus impostos durante a Segunda Guerra Mundial.



Mais uma vez, o grau emotivo e altamente estilizado da propaganda política (eficaz).

Abraço

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