quinta-feira, 4 de junho de 2009

Para a Europa contra a Europa?

Todos nós conhecemos a ausência da Europa em campanha para as europeias. Mas o que eu não conhecia era uma campanha anti-Europa.

Acompanhei de perto algumas. Mas, enquanto europeísta convicto, erradamente, dei pouca atenção ao Partido Nacional Renovador. Falha minha, mea culpa.

Quando consultava uma análise apresentada por este blog (sugerido por este outro), deparei-me com algo do qual a minha ingenuidade não estava à espera: uma campanha para as europeias com um slogan contra a União Europeia - não me atrevo a reproduzir, podem vê-lo na origem.

Sem programa eleitoral para as europeias? Contra uma Europa “Federasta”? Contra as “esmolas” da UE? Contra o Islão, o Kosovo, a Turquia? “O nosso modelo de Europa não é o do federalismo da UE. O PNR defende uma Europa, sim. Mas uma Europa de nações livres e soberanas”? Contra o Islão? “A nossa soberania no plano externo é praticamente nula ou diminuta?”

Este confronto PNR – UE faz parte do panorama democrático. Certo. Tolero. Mas acho de uma insuportável hipocrisia esta tentativa (sem grandes hipóteses, mas não deixando de ser uma tentativa) de alcançar num parlamento de uma organização supranacional uma confortabilíssima cadeira e, ao mesmo tempo, de abanarem a bandeira de um partido ultranacionalista que ainda grita pela “Nação Valente e Imortal” e que festeja o 10 de Junho com a lágrima ao canto do olho!

11 comentários:

  1. Nacionalismo é parvoice. Esta afirmação é verdade quando se trata do "nacionalismo" do PNR. Era engraçado que os autores do blogue lessem mais textos do candidato do PNR às Europeias, que são simplesmente patéticos. Aquilo é um partido racista, oco e cheio de contradições. Basicamente falam dum Portugal seguro que se atingiria sem negros ou brasileiros. São populistas ao máximo, tentam recrutar jovens através de um brainwash, negam factos historicos como os chuveiros de gás.

    O partido é anti-democrático, pois a liberdade de uns acaba quando começa as dos outros, e não se deve permitir que um partido professe uma volta a uma ditadura.

    Arsénio

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  2. Hahahaha! Pois foi exactamente o mesmo que pensei quando ouvi o candidato a falar na RTP!Uma verdadeira contradição..abanam a bandeira anti-europeísta,no entanto,candidatam-se às eleições europeias. Verdadeira palhaçada.

    P.S. - felicito-vos pela vossa iniciativa!Vou tentar ser um leitor assíduo!;)

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  3. Antes de mais parabéns pelo blogue, sem dúvida uma excelente iniciativa! Mas passando ao comentário… Sou tudo menos simpatizante do PNR ou das políticas ultranacionalistas! Porém, tenho de ressalvar um pormenor (coisa pouca…). O PNR ao contrário dos principais partidos nacionais faz uma campanha às eleições europeias falando sobre a Europa (ou da necessidade que eles têm de expulsar a Europa de Portugal!). Vejamos: o PS faz uma campanha tendo por mote coisas que os portugueses não gostam particularmente (Euro) ou conhecem apenas de nome (Tratado de Lisboa). Baseia o seu discurso na excelência das políticas de Sócrates e num ataque à falta (ou má) liderança do PSD. O PSD faz campanha para as europeias pensando nas legislativas, por isso o mote da campanha é a crise e a forma incapaz como o Executivo de Sócrates lida com ela. O CDS-PP só quer falar do escândalo do BPN. O BE lá vai pedindo para os eleitores votarem e o PCP talvez seja o que mais fala sobre as europeias por causa do estado da agricultura e pescas. Por isso é de louvar que o PNR na campanha para as eleições europeias só sobre a Europa, só é pena que fale mal (muito mal)!
    Deixando a minha opinião pessoal sobre a União Europeia… acho que é um organismo igual à ONU. Ambos se baseiam em princípios muito bonitos de cooperação mas enquanto não houver uma verdadeira igualdade (um verdadeira democracia, onde o voto inglês vale tanto como o grego) não passam de princípios (há quem lhe chame teatro)!

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  4. Jamal, gostava que te informasses sobre o sistema de voto europeu e o modo como são tomadas decisões no Parlamento. São baseados em proporcionalidade, 40 milhões de pessoas não podem valer o mesmo que um milhão. Tendo em conta que somos todos Europeus, 1 milhão de cipriotas não podem valer o mesmo de 40 milhoes de espanhóis. Ou seja, somos europeus, vamos esquecer os paises e aplicar o voto ao nr de pessoas como agora acontece.

    A ONU e a União Europeia são organismos completamente diferentes.

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  5. André,

    concordo contigo, claro. Só queria aqui dizer uma coisa sobre o PNR. Antes de vir para Lisboa, não tinha muita noção do que era o PNR. Via apenas as rábulas cómicas que se faziam.Desde que viam para cá até já conheci pessoas que participaram em manifestações deste partido. Este é um partido quase local, pouca coisa faz para além de Lisboa, aproveitando apenas os tempos de antena.
    Quanto às pessoas deste PNR: são simplesmente idiotas. Nem estou a contestar o que defendem. Não concordo mas eles lá saberão. O que mais me impressiona é a pouca capacidade criativa e a limitação intelectual. Isso pode ser comprovado pelos cartazes, pelos tempos de antena que parecem uma coisa de meados do século XX. É tão deprimente que mete impressão.

    Um abraço

    ps: força com o blogue! ;)

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  6. PNR ou PND ou PNZ é uma valente merda. Sabem la eles o que é um fasciesme. Deviam dar graças a deus de ja poderem criar um partido acente no racismo. é sinal que têm LIBERDADE!

    filhos dumas valentes putas, e essas putas não têm culpa de os ter parido, pá

    kiriikiiikikiriikirikii

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  7. Exactamente, o PNR é um partido local pois em Lisboa é facil atribuir os crimes aos imigrantes, no Porto isso já não cola...

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  8. André

    Estou perfeitamente de acordo contigo quanto ao valor da queda política desse partido. (Enfim… :P)

    Mas discordo com veemência que, aqui, estejam a ser hipócritas. Não está em causa a existência da instituição nem dos seus poderes (potenciais...) Isso já é um dado! E, dado isso, não é nada hipócrita querer lá colocar as pessoas que, segundo as convicções deles, são as melhores. Não está em causa dobrarem-se de trás para a frente na ideologia para justificar a candidatura (eles não estão a defender a tal “cadeira”). Está em causa a melhor forma de lutarem pelas suas convicções dadas as circunstâncias impostas.

    É um pouco como um estudante que esteja contra o ensino público universitário enquanto ideia. Não é por isso que vai deixar de lá estudar, se não houver nenhum outro estabelecimento que o possa formar na área que ele quer (ou tão bem como o público) e (conjunção lógica) essa inexistência for fruto da própria instituição que ele detesta. (Vai até ao encontro das suas convicções na medida em que posteriormente possa usar esses conhecimentos para lutar contra essa forma de ensino.)

    Abraço

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  9. Tudo bem, Diogo, mas há uma ética, há os princípios. O estudante não tem alternativa; este partido tem - simplesmente não se candidata. É claro que eu percebo porque é que se candidata e que talvez seja uma forma de reivindicar as suas ideias, mas repara que nem eles dão grande importância a estas eleições - o site deles não tem um programa para as Europeias, só mesmo o cartaz contra a Europa. Há um paradoxo que numa lógica ética era evitável. Eles não deviam, para mim, entrar num mecanismo e numa dinâmica cuja existência eles espezinham. Qual seria o contributo deles num Parlamento Europeu? Nenhum. Zero. Eles têm o direito de o fazer, assim como todos os outros, mas porque não então tentar ganhar poder através das legislativas e aí sim condenar a presença de Portugal em OGIs? E lutar contra isso. A ideia parece que é a de entrar para a UE e miná-la por dentro - numa visão muito extremista da situação, claro, e sem grande lógica, devo admitir. Não sei.. Eu percebo a tua posição, mas estas contradições irritam-me.

    Obrigado por comentares. Assim como a todos os outros que o fizeram. :)

    A. Matos

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  10. Financiamento do partido, informem-se sobre isso e perceberão melhor porque o PNR se candidatou.

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  11. 1893 não está em questão quanto vale um voto, ou se um milhão de cipriotas vale mais que 40 milhões de espanhóis... até porque é essa lógica que leva às limpezas étnicas das minorias em muitos países!
    O que eu queria dizer, em especial com a comparação entre a ONU e a UE é que certos países (sendo mais ou menos populosos) acabam por tomar o grosso das decisões! O Conselho de Segurança da ONU apesar de contar com países com uma população imensa como é o caso da China ou dos EUA coloca de fora países como Brasil ou a Índia que sozinha alberga 17% da população mundial, por isso a tua lógica da democracia proporcional cai por terra! Mas para te mostrar que isso não acontece apenas na ONU mas também na UE dá uma vista de olhos sobre a história da UE e tenta compreender porque razão a Alemanha não se importa de sustentar metade da Europa… Por outro lado, irás ver os Britânicos que só ficam com o que a UE tem de bom… o mau deixam para os outros, ou será por acaso que não aderiram ao Euro e que fazem greves contra os estrangeiros que trabalham em fábricas estrangeiras na sua ilha (que segundo eles rouba postos de trabalho aos nacionais), obrigando a negociar-se cotas de sobre o número de empregados nacionais e estrangeiros (não é isso xenofobia ou então é só democracia? Afinal tem uma população que é quatro vezes a nossa…) …
    (apesar de terem menos de 20 milhões de habitantes que a Alemanha!)

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