domingo, 10 de janeiro de 2010

Regresso

Antes de mais, gostaria de pedir desculpa aos nossos (eventuais) leitores por tão grande ausência. Os diferentes elementos do grupo têm agora outras responsabilidades, o que não permite uma actualização tão frequente do blogue. Contudo, e para que este projecto não fique em banho-maria, o "Mundo em Revista" regressa com algumas novidades.
Um Bom 2010 para todos!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Obama pela Ásia

Sobre a ronda de Obama pela Ásia e algumas questões sobre a sua política externa e o sistema internacional, ver o que escrevi aqui e aqui.

domingo, 8 de novembro de 2009

Breathing earth!

Para os que não conhecem, fica a sugestão de um site impressionante! Vale a pena visitar! Com os nascimentos, as mortes e as emissões de CO2 por todo o mundo em cada instante. Dá para reflectirmos sobre o destino deste mundo e as implicações geopolíticas que as disparidades, de que nos apercebemos com a distribuição dos símbolos pelo mapa, podem vir a originar... Não podia deixar de partilhar.

http://www.breathingearth.net/

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Prémio Mo Ibrahim

Há dias no programa da Sic "Nós Por cá" tive conhecimento da existência de uma fundação que premeia a excelência de dirigentes africanos. A fundação Mo Ibrahim, entre outras coisas, premeia, anualmente, os líderes africanos eleitos democraticamente que cumpram o seu mandato nos termos estabelecidos pela constituição do país e que tenham deixado o poder nos últimos três anos.
O prémio é considerável: 5 milhões de dólares e ainda uma quantia de 200.000 dólares anuais para toda a vida. Este ano, contudo, não houve nenhum vencedor. O Comité decidiu não atribuir o prémio ao nomeado John Agyekum Kufuor, antigo presidente do Gana, por este ser suspeito de corrupção.
Esta notícia fez-me recordar o post "Eleições e... a Democracia?" escrito pelo meu colega André no seu blogue Internacionalizzando. O problema da eternização dos líderes nos seus cargos e da falta de renovação na política não é exclusivo do continente africano, mas será que esta iniciativa poderá ser um incentivo à democracia? E será que poderia ter sucesso noutras áreas do mundo?
Deixo à vossa consideração.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Para onde vao as tribos?

Quando um dia tive a oportunidade de conhecer um queniano que exerce funcoes na politica, surgiu o interesse, no decorrer da conversa, em saber quais sao afinal as orientacoes politicas maioritarias entre os cidadaos deste pais. Com isto referia-me ao espectro que vai da esquerda para a direita (ou vice-versa) e aos seus respectivos clusters. Nao sendo suficiente, tive ainda que lhe mencionar "socialismo" e "capitalismo" para perceber exactamente do que estava a falar. Um comeco so por si denunciador.
E que num pais como o Quenia as preferencias do eleitorado sao definidas mais por uma certa solidariedade para com o lider em questao, uma ascendencia sagrada em comum, do que por uma ideologia concreta e o compromisso para mudancas radicais. Esta tradicao conservadora e por isso bem mais expressiva atraves de comportamentos e accoes do que por obras, textos e pensadores de referencia.
Claro que se podera identificar qual dos dois, Odinga e Kibaki, seguira versoes mais a esquerda ou a direita. No entanto, excluindo alguns intelectuais e academicos, aqueles que apoiam Raila Odinga nao sao os desafortunados do Quenia, mas antes os seus "compatriotas" etnicos, os Luo, independentemente da sua classe social.
De facto, o tribalismo e um fenomeno cumulatorio de atitudes especificas atraves de geracoes. E, como consequencia, e quase por definicao colectivista. Por isso, este conservadorismo tribal africano e um corpo pensante em continuo consenso, ligando o passado com o presente e o futuro.



Aproveitem para estar a par da minha lista negra http://listanoire.blogspot.com/

Pelo Médio Oriente...

O Afeganistão, o Paquistão e o Irão chamam a atenção da comunidade internacional para uma das zonas mais instáveis do mundo, por diferentes motivos.



No Afeganistão, a Comissão de Queixas Eleitorais, cujos resultados ainda não são conhecidos oficialmente, ordenou a anulação dos votos provenientes de 210 mesas de voto, indicando assim que ocorreu, na realidade, fraude eleitoral. Segundo se consta, isso irá originar a descida do eleitorado de Karzai para menos de 50%, o que levará a uma segunda volta com o número dois, Abdullah. Ambos estão prontos para novo sufrágio.

No Paquistão, as forças nacionais continuam combates acesos e com resultados duvidosos contra o “centro do terrorismo”, ou seja, contra os taliban. Este movimento originou já a deslocação de 100 000 civis e calcula-se que várias outras centenas de milhares se encontrem encurralados com esta ofensiva.

Finalmente, no Irão, cada vez são mais fundamentados os rumores que dão como morto do Ayatollah Khamenei e a procura do seu sucessor, que promete uma luta de facções que poderá desestabilizar o país. Os sinais são vários: desde o encerramento do seu site pessoal, ao não aparecimento no Domingo a comentar o violente ataque que vitimou os Guardas da Revolução, a publicação de fotografias de encontros passados na imprensa oficial,… Até quando quererão manter a expectativa? Aguardemos pelas repercussões do desaparecimento do líder espiritual iraniano – ou muito me engano ou ainda vamos ver mais tumultos em Teerão.

domingo, 18 de outubro de 2009

Neoconservadores ou neofundamentalistas?

Em comentário ao meu artigo anterior, o Diogo Lourenço alertou para um aspecto importante. Quando designamos uma certa corrente política, muitas vezes recorremos a etiquetas de uso comum que são muito menos óbvias do que parecem. E de facto, o termo “neoconservador” é um caso flagrante disso mesmo.

Aqui, subscrevo na íntegra a reflexão de Tzvetan Todorov no seu conjunto de ensaios sobre A Nova Desordem Mundial (Asa, 2006): na verdade, os “neoconservadores” são tudo menos “conservadores”. Passo a citar:

«Porém, o termo «conservador» não tem aqui qualquer cabimento, como aliás observou um deles: «Os neoconservadores não pretendem de modo algum defender a ordem das coisas tal como existe, assente na hierarquia, na tradição e numa visão pessimista da natureza humana» (Francis Fukuyama, no Wall Street Journal de 24 de Dezembro de 2002). Esses pensadores acreditam na possibilidade de aperfeiçoar de modo radical o homem e a sociedade e estão activamente empenhados nesse processo. Mas neste caso não merecem o epíteto de conservadores (…). Uma expressão mais justa para os designar seria neofundamentalistas: fundamentalistas porque se reclamam de um Bem absoluto que querem impor a todos; e neo porque esse Bem é constituído já não por Deus, mas pelos valores da democracia liberal.
Nenhum destes dois ingredientes é verdadeiramente novo; em contrapartida, a sua combinação é inédita. Os fundamentalistas acreditam nos valores absolutos, pelo que rejeitam o relativismo envolvente (…). Não obstante, não sendo conservadores, querem propagar o seu ideal no mundo pela força. Desta perspectiva, é sobretudo o espírito da «revolução permanente» que evocam. Há que buscar as origens desta vertente do seu pensamento na esquerda revolucionária anti-estalinista. (…)
O pensamento que anima este aspecto da política externa americana não é, pois, conservador, do mesmo modo que não é liberal (na medida em que se impõe a unidade em lugar de deixar subsistir a diversidade).»